quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

#75 | Bela Maldade - Rebecca James


Número de páginas: 302 | Autora: Rebecca James
Gênero: Drama, thriller psicológico, suspense policial, falsidade, mentiras e crimes. | Editora: Intrínseca | Ano: 2011 | Tradutora: Maria Luiza Borges | 1ª Edição.



RESENHA

Alice é uma vagabunda convencida cretina que adora usar os outros. Acho que antes de começar esta Bela Resenha eu precisava falar isso, na cara dura. Mesmo que ela seja toda essa vagabundagem em pessoa ainda sim não consigo vê-la como uma personagem inútil, muito pelo contrário. Alice é aquele tipo de criatura que é enigmática, carismática e ordinária, tudo ao mesmo tempo. Ela com certeza é o tipo de pessoa que já cruzou ou vai cruzar a sua vida um dia. Afinal, quem nunca teve uma amiga que se mostrou uma ótima pessoa por um tempo e no final fez uma Bela Maldade?  


Há muito tempo atrás, as irmãs Boydell foram até uma festa regada a bebida alcoólica e drogas. Música alta, adolescentes cheios de hormônios e multidões fez com que Katie Boydell perdesse sua irmã, Rachel, de vista. Em pânico, Katie ronda todo o celeiro onde a festa acontece. Depois de muita procura ela acha Rachel desacordada dentro do carro de um grupo de rapazes. Sem consciência, Rachel mal consegue balbuciar palavras concretas, o que faz Katie ficar morrendo de preocupação com o que os pais vão achar. Rachel, que é uma pequena celebridade dos pianos e sabe cantar como ninguém (mesmo com sua pouca idade), deveria estar praticando praticando o instrumento e não bebendo em uma festa. Desesperada e sem meios de transporte para voltar para casa, Katie se vê com apenas uma única saída: aceitar a carona dos garotos e entregar-se a sorte.

Mas, será que foi uma Bela Escolha? 

Anos depois, Katherine Patterson deseja apenas esconder-se do mundo e passar despercebida aos olhares alheios. Anceia que seu passado avassalador e nada agradável seja esquecido tanto por ela quando por seus pais, os que mais sofreram com a perda. Muito cedo aprendeu que escolhas erradas podem definir o futuro e, até mesmo, a vida de uma pessoa. Ela se culpa por este erro durante a maior parte do livro, sempre inserida em um drama psicológico já que o peso da morte paira sobre seus ombros. Mas, tudo muda quando ela conhece Alice, a encantadora e popular garota do colégio Drummond. Todos a amam, todos a veneram, por onde passa deixa um pouco de sua simpatia, sem falar do excesso de atenção.

"Já ouvi dizer que as pessoas encantadoras, poderosas, tem o dom de nos fazer sentir como se fôssemos a única criatura no mundo, e agora sei exatamente o que isso significa."
— Página 14.

Ela surge timidamente diante de Katherine em um belo dia de sol, a garota estranha já que é a mega ultra foda do colégio que está falando COM ELA. Alice a convida para sua festa de 18 anos de forma animada e natural, Katherine tenta se desvencilhar do convite, mas acaba cedendo quando Alice a faz se sentir... melhor. Com um elogio por causa do comportamento dela diante de um valentão do colégio.


Ainda desconfiada, Katherine é convidada (praticamente forçada) a ir para o apartamento de Alice a fim de que as duas se aprontem juntas. Chegando lá ela encontra uma residência simples, mas requentada c
om vários artigos de luxo. Ao ser intimada a escolher um dos vestidos de festa da nova amiga, ela percebe o quanto Alice pode parecer mais rica do que aquele simples apê a faz parecer. 


Prontas para a festa, Alice a convida para tomar um drink, um champanhe de fina qualidade, a qual ela assume-se viciada. Katherine tenta evitar contato com o álcool já que ele lhe trás difíceis lembranças, mas a persistência e simpatia de Alice faz com que ela aceite. Pela primeira vez, o sentimento de ser normal cresce em seu íntimo. Ela se sente bem com isso. 

"— Alice, Alice! - exclamam eles, e vejo-a subitamente cercada por pessoas, algumas que reconheço da escola, outras, mais velhas, que nunca tinha visto antes. [...] todas têm uma coisa em comum: querem ser o foco de sua atenção, fazê-la rir. Todas, sem exceção, querem que ela as aprecie.

E Alice se espalha pro toda a parte, faz com que todos os convidados se sintam bem-vindos e à vontade, mas por alguma razão é comigo que escolhe passar a maior parte da noite."
— Página 19/20.

E a festa foi só o início da amizade, que prometia ser longa e duradoura. Um dia, Katherine até a convida para jantar em sua casa, Alice vai sem questionamentos e sugere que chamem um amigo/ficante/namorado dela, Robbie. Um dos personagens mais legais do livro, na minha opinião.


"Tenho vontade de fazer um milhão de perguntas [...], mas fico quieta. Tenho meus segredos e aprendi que fazer perguntas só serve para me expor ao risco de ser interrogada também. É mais seguro não ser muito curiosa em relação aos outros, é mais seguro não perguntar."  
 — Página 13.

A história segue com Alice, Katherine e Robbie inseridos em uma amizade um tanto perigosa. Alice nem sempre se mantêm como a Bela Popular e amiga delicada, por diversas vezes age sem pensar e põe em risco a amizade com os outros dois. 

Um exemplo disso é quando eles vão jantar em um restaurante caro e Alice reconhece um antigo namorado (Ben), que esta junto com uma amiga (Phillipa) – nitidamente nós percebemos que Ben estava em um encontro com ela – e os convida para unir-se ao bando. Alice age como uma vagabunda, se jogado diversas vezes para cima de Bem – há até um momento onde ela pega no órgão dele. Katherine apenas observa o comportamento da amiga, se surpreendo com o que vê. Nunca tinha imaginado que ela poderia fazer algo do tipo. Robbie, que é apaixonado por Alice, fica deprimido e raivoso, ele expõe a Katherine o quanto ama Alice e gostaria que ela não agisse daquela forma.
Quando o jantar acaba Alice convida a todos para ir tomar um drink em seu apartamento, eles aceitam de imediato na esperança de que ainda dê para salvar a noite. Entretanto, chegando ao apê dela, as coisas se mostram bem mais diferentes. Em um determinado momento o segredo que Katherine confiou a ela é jogado bem em sua cara da pior forma possível. 

Alice tem uma personalidade muito curiosa, similar à bipolaridade. Há momentos em que ela está contente e outros em que age maldosamente e vingativamente. Isso causa um receio em Katherine, levando-a a duvidar se realmente precisa da amizade de Alice. Enquanto a união das duas está desmoronando aos poucos, ela conhece outras pessoas e começa a se sentir bem com elas. Phillipa, a garota que foi jantar com eles e viu Alice se jogar para cima de Bem, deu conselhos a Katherine sobre a amiga, avisou que Alice tem uma personalidade um tanto caótica e obscura, ela é meio que falsa e verdadeira ao mesmo tempo. Katherine se recusa primeiramente a acreditar nisso, mas no decorrer do livro ela vê que Phillipa está dizendo a verdade e jogando tudo na cara dela.

"O problema com as palavras é que, por mais que façam sentido, em maioria, elas não conseguem mudar o que sentimos. E o que estou começando a entender é que isso nunca vai realmente ter fim: não pode haver nenhuma absolvição completa."  

 — Página 243.

"Sei que é melhor não lhe dizer banalidades sem sentido, mentir que palavras podem curar. Porque sei que não curam, não podem. Palavras são só palavras, ajuntamentos de sons impotentes contra a força da verdadeira dor, do verdadeiro sofrimento. 

— Página 45.

Alice a parte, falemos de Phillipa. Ela é estudante de psicologia e no fatídico dia em que tinha um encontro romântico com Ben, acaba conhecendo Alice. Ela não gosta da patricinha durante os primeiros momentos e, mesmo quando convive com ela em algumas cenas onde reina a paz, ainda continua criando dentro de si certo rancor.

Um belo dia, Phillipa convida Katherine para a o show do irmão, Mick. Um baterista que em um primeiro momento pode parecer rude, mas no fundo ele é aquele tipo de cara que se importa em demasia com as pessoas a sua volta. Katherine fica imediatamente apaixonada pelo cara e, quando eles engatam um namoro – em minha opinião a melhor fase do livro –, acaba acontecendo algo surpreendente.

Gravidez.
Desafio concluído: deixar você curioso para correr e comprar o livro. Hahaha.

"[...] Se você é um verdadeiro amigo, tem de aceitar as pessoas como são. As coisas divertidas e as chatas. O que é bom e o que é ruim. 
— Página 126. 

Capa estrangeira. 


OPINIÃO

Alice é legal, foda, fantástica, a personagem mais bem estruturada da trama e uma bitch da melhor categoria, mas... ELA ESTÁ MORTA. MUHAHAHAHAHAHA. Não, isso não é spoiler, você fica sabendo logo na primeira página de narração. Não me mate, por favor, haha. 



Este livro caiu de paraquedas na minha mão. O preço dele estava tão atrativo que foi impossível não efetuar a compra na Saraiva. R$ 7,90 GENTE! SÓ ISSO! E ainda rolou frete grátis para a minha felicidade de barateiro compulsivo. Valeu muito a pena, o livro é lindo tanto pela capa que brilha sob a luz, quanto pela qualidade da diagramação, revisão e papel. Além de ser de um das editoras mais conceituadas deste Brasil. Mas, vamos ao o que eu achei. 


Bela Maldade é um livro que a primeira vista parece ter uma história simples, sem tantos atrativos. Até mesmo nas primeiras páginas você pode achar um livro maçante e previsível, mas a essência dele se encontra depois que Alice e Katherine se tornam amigas. É engraçado perceber o quanto Katherine constrói um forte laço com Alice, ela diferentes formas a ajuda a esquecer dos segredos do passado e da culpa que carrega. 
  
Esse livro me fez rir, emocionar, pensar e temer as pessoas. Fez-me ver que nem sempre todos os amigos, por mais cativantes e amigáveis que sejam são cem por cento confiáveis. Percebi que a culpa não é um peso que devemos carregar pelo resto da vida e sim que vemos pensar sobre ela e aceitar que nossos erros já estão feitos. Vi que pequenas escolhas, por mais gentis que sejam podem carregar grandes consequências. Mesmo que aparente ser um livro adolescente clichê, há muitas mensagens por trás, que se você adentrar realmente a história e levar em consideração todos os atos escolhidos pelos personagens você vai se sentir tocado e emocionado. Eu me senti e fiquei meio “pra baixo” por vários dias digerindo a história.

O final do livro, mesmo que a autora tenha descrito pouco os sentimentos de Katherine, me fez ficar com uma ponta de dor no peito. Por tudo o que foi construído durante os capítulos e... não quero falar muito porque qualquer deslize pode ser um spoiler, mas fique sabendo que o final deste livro é de cortar o coração, deixar o leitor triste mesmo.

Rebecca James usou todas as suas armas para dilacerar o leitor com este final. Sem palavras para descrever mais. Bela Maldade finalizou com chave de ouro as minhas leituras de 2013. É um livro de suspense, denso e que vai te levar a perdurar sobre as amizades. Com certeza recomendo para todos que gostam de um bom drama.

A edição é perfeita e possui uma capa holográfica que brilha conforme você a movimenta. Uma bela alusão a história: por vezes Alice foi colorida e confiável, como quando a luz atinge a capa, por outras ela foi obscura e violenta, como quando a capa fica sem luz, no escuro.

Folhas amareladas e diagramação impecável só contribuem para as...


Cinco estrelas é claro! 


"[...] Ninguém é de fato inteiramente bom. Pelo menos é o que eu acho. Tentar ser bom, ou ao menos tentar não ser mau, provavelmente é o mais perto que conseguimos chegar."  

— Página 140.




Foto -Rebecca JamesREBECCA JAMES nasceu em Sydney, Austrália, em 1970. Antes de ter os direitos de Bela Maldade vendidos para 35 países, trabalhou como garçonete, projetista de cozinha, professora de inglês na Indonésia e no Japão, e como operadora telefônica de uma empresa de táxis em Londres. Atualmente, mora na Austrália com o marido e quatro filhos.


O mais barato que encontrei foi pela Saraiva, a promoção de R$7,90 e frete grátis infelizmente acabou, mas você pode comprar por R$9,90 e, ainda sim, sai bem mais em conta. Clique aqui para ir até a página.

Resenha escrita por Vinícius Teixeira.

7 comentários:

  1. Oie :)

    Já li esse livro e apesar de ter curtido não me marcou muito. Beijos!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. Olá,
    adorei sua resenha, realmente deu vontade de ler.
    Abraços!

    http://pag394.blogspot.com.br/

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  3. Ele é muito legal mesmo, eu amei!
    Alice é uma cobra.
    E o melhor de tudo é que o preço dele é muuuito bom, então, que nem queria o livro acaba comprando e vendo como é bom.

    http://cheirinhodolivro.blogspot.com.br/

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  4. Comprei hoje por 9,90 na Saraiva! Mas o frete não foi grátis :( Mesmo assim, tá um preço muito bom!
    Não vejo a hora de ler!

    Beijos
    Débora - Clube das 6
    http://www.clubedas6.com.br

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  5. Te marquei em um selo no meu blog, dá uma passadinha por lá e se gostar responda e divulgue!

    Beijos e feliz ano novo!

    http://highwaydasletras.blogspot.com.br/

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  6. Parece muito bom o livro! *o*
    Gostei muito da resenha e da postagem!
    Bjoss

    http://lovecardwritter.blogspot.com.br/

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  7. Depois dessa resenha com certeza vou querer ler *-* O meu uma amiga comprou por 5 reais na bienal do rio e me mandou. Estou um tempinho parado, mas de 2014 não passa.
    Super Abraço, Victor Rosa
    encantosparalelos.blogspot.com.br

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